Você sente que os seus funcionários não estão motivados no dia a dia? Ou então que as entregas não estão satisfatórias? O problema pode estar no alinhamento da cultura organizacional com a estratégia do seu negócio.
O que é Cultura?
Muito se fala de cultura dentro das empresas, mas esse conceito é amplo e, de certa maneira, intangível.
Conforme traz Chiavenato, um dos estudiosos da administração mais influentes de sua geração, a cultura como conceito macro é a soma de coisas mais tangíveis ao dia a dia da empresa.
“A cultura organizacional, ou corporativa, é o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização”
Idalberto Chiavenato.
Então, se a sua empresa não possui Missão, Valores e Propósito claros, dificilmente as pessoas terão com o que se identificar e pelo o que se guiar. Da mesma forma, se esses conceitos só ficam pregados na parede e não são praticados e estimulados pelas lideranças, de nada adianta.
Como definir Missão, Valores e Propósito
Antes de mais nada, se você é das pessoas mais críticas, pode ter reparado que não falei sobre Visão. Isso porque considero a Visão mais importante para a Estratégia do que para a Cultura, então ela será abordada mais abaixo.
Assim volltando ao assunto, a construção desses conceitos pode ser realizada durante o Planejamento Estratégico (PE) da empresa. Na Líder Jr., esse momento é realizado envolvendo todos as pessoas da empresa, pois acreditamos em organizações horizontais, com todas as vozes tendo o mesmo peso.
Como construir?
Então, todas as etapas têm a participação equivalente de todos, do Diretor-Presidente ao Trainee, desde a definição do MVV (Missão, Visão e Valores) e Propósito, até a construção dos indicadores que guiarão a empresa.
Por falar em guia para a empresa, todas as definições de um PE bem elaborado devem ter um prazo. Perguntas como: “Daqui quanto tempo a Missão da sua empresa será revista?”, “Os Valores da sua organização ainda sustentam as atitudes do dia a dia?”, “Qual o prazo para que o seu negócio atinja as metas estipuladas?” etc. devem ter respostas.
Falando de maneira mais pragmática, não é apenas juntar em uma sala e dar espaço de fala aos colaboradores da sua empresa, o momento precisa ser facilitado para que seja construtivo. Algumas metodologias de facilitação em grupo são úteis, como World Cafe e Brainstorming.
Assim sendo, a construção de Missão e Propósito, nós gostamos da tática de divergir e convergir diversas vezes.
Como funciona?
Suponha que temos 32 pessoas e que vamos discutir qual o Propósito da nossa empresa. Formamos 16 duplas e cada dupla chega em uma frase que acreditam que melhor representa o Propósito da empresa.
Em seguida, as duplas se juntam duas a duas, formando então oito grupos de 4 pessoas. E cada grupo cria uma nova frase que contemple os pensamentos iniciais das duplas. Depois, juntamos novamente as pessoas e formamos 4 grupos de 8 pessoas e repetimos o processo.
Divergindo e convergindo opiniões até que chegue o momento de juntar os dois grupos de 16 pessoas em um enorme grupo com todas as 32 pessoas.
Importante
para não virar bagunça, cada grupo deve ter o seu representante, que conversam entre eles para convergirem na frase final.
Dessa maneira, a essência da ideia do primeiro momento de todas as duplas ainda permeia a discussão, mesmo que em outras palavras, mas todos se sentem donos da decisão e representados por aquele propósito!
Qual a diferença entre Missão e Propósito?
Missão e Propósito são conceitos bastante parecidos e essa dúvida percorreu o nosso Planejamento Estratégico para 2020, portanto, durante a nossa facilitação para PEs de outras empresas, buscamos deixar clara essa diferença. Nos baseamos na teoria do Golden Circle, de Simon Sinek, para a diferenciação e construção de ambos.
Então, consideramos que o Propósito da nossa empresa é o porquê de fazermos o que fazemos. É aquilo que nos faz acordar todos os dias. E, para a Líder Jr., o nosso propósito Promover transformação empreendedora no Brasil. Não é só transformar, e sim promover a transformação, pois cada empresa que atuamos vira um agente de transformação na vida de mais pessoas.
Enquanto a Missão é o “o quê” nós fazemos. Aqui na Líder é Oferecer a melhor solução em Engenharia de Produção para desenvolver e aprimorar negócios. É dessa maneira que tangibilizamos o nosso propósito no dia a dia.
E os valores?
Muitas são as formas de definir e traçar os valores da sua organização. Gostamos de dizer que os valores são crenças e comportamentos que dão personalidade à empresa. São atitudes que se esperam das pessoas (do CEO, dos gerentes, dos porteiros, dos faxineiros, etc.) ao lidar com o cliente, assim como no cotidiano interno da empresa.
Algo que pode orientar de uma maneira bem legal essa construção é a Teoria Integral, um estudo que foi fruto de muito esforço e pesquisa de Ken Wilber.
“Seu objetivo é integrar os conhecimentos para sermos pessoas mais plenas nesse mundo de pluralidades.” Adaptando um pouco a Teoria para essa construção, podemos pensar em quatro quadrantes, como representado abaixo:
Feita essa primeira discussão, que pode ser alimentada por meio de algumas coletas com clientes e com pessoas da empresa, os resultados devem ser apresentados a todos que vão participar da construção dos valores.
Como construir?
Pode-se juntar as pessoas em grupo de 4 a 5 pessoas e pedirem para que, apoiando-se nos insumos fornecidos, saiam com 5 a 6 valores definidos após analisar, por exemplo, pontos em comum entre os quadrantes.
Após os grupos exibirem as suas escolhas, é interessante ver quais são aqueles valores que mais foram comentados, os que foram escritos com outras palavras mas que querem dizer o mesmo, enfim. E, para tornar mais visual esse processo, que tal usar post-it para os grupos colarem em uma parede? O agrupamento de ideias fica bem mais simples!
Quando bem trabalhados no dia a dia, os valores se tornam algo sólido e intrínsecos à organização. Um exemplo bem marcante é o Manifesto Stone! Vale à pena conferir.
O que é Estratégia?
Acredito que todo mundo já conhece a velha história de que o conceito “estratégia” surgiu em meio à guerra. E faz total sentido que tenha surgido dessa maneira, pois imaginamos que um exército coloca em prática uma outra definição muito boa desse conceito:
“Estratégia é o caminho para ir de um ponto a outro, obedecendo a restrições e respeitando determinado prazo.”
Basicamente, então, estratégia é a soma de ações que faz a sua organização atingir determinado(s) objetivo(s).
Como a estratégia deve ser definida?
Os estudos organizacionais nos mostram diversas formas de construir a estratégia da empresa. Em organizações antigas ou mais complexas, observa-se a recorrência de uma estratégia top-down, ou seja, que os líderes nos cargos mais altos definem as metas da empresa e estas são cascateadas aos níveis mais operacionais.
Em organizações mais modernas e com um fit cultural diferente, ouve-se falar da estratégia bottom-up, na qual ocorre o processo inverso. As metas operacionais são definidas e, a partir delas, as metas globais da organização tomam forma.
Cada dia mais as estratégias pautadas em maior participação dos colaboradores da empresa ganham fama. Um exemplo ótimo é a metodologia de OKRs, praticada pela Google, que consegue conciliar agilidade, envolvimento de todos e minimalismo.
E o ponto principal dessas “novas” metodologias é a descoberta (nem tão surpreendente assim) que as pessoas se engajam mais em torno de algo que elas ajudaram a construir! Metas e objetivos forçados, muitas vezes, são encarados apenas como números que não dizem nada para o ser humano que realiza o trabalho diário.
Para o que serve a Visão?
Para finalizarmos os 3 conceitos do famigerado “MVV”, precisamos falar da Visão, o elo entre cultura e estratégia. A Visão da sua empresa tem que dizer onde ela quer chegar em determinado período de tempo. Não apenas isso, ela também tem que ser SMART (sigla em inglês para Específica, Mensurável, Atingível, Realista e Temporal, leia mais sobre esse conceito).
Voltando ao ponto da participação de pessoas de todos os níveis da empresa na construção do seu MVV, uma Visão construída dessa maneira irá inspirar e deixar claro um norte para ser seguido. As ações do dia a dia ganharão razão (um vendedor saberá que precisa vender 30% a mais esse ano porque todos da empresa definiram que farão ela faturar 2 vezes mais esse ano, por exemplo).
Ao mesmo tempo que ações que não levam ao atingimento da Visão são identificadas mais facilmente e podem ser excluídas do dia a dia com mais embasamento e agilidade.
Conclusão
“A cultura devora a estratégia no café da manhã”
Peter Drucker
Talvez você já tenha lido ou ouvido falar dessa frase em algum lugar. Talvez até já tenha a replicado. Em diferentes contextos ela assume, muitas vezes, o mesmo significado: a cultura é superior à estratégia.
Porém, aprofundando a analogia, o café da manhã é a nossa refeição mais importante. Ou seja, a estratégia, além de alimentar a cultura, é o que mantém ela energizada. Uma coisa potencializa a outra, e é trabalhando com ambas lado a lado que os resultados do seu negócio podem se transformar.