Nesta matéria você vai ver os 5 passos para um custeio eficiente, para assim diminuir seus custos e aumentar o seu lucro.
Se você está aqui é por que em algum momento já parou para pensar que, em um almoço, não se gasta apenas com ingredientes, como arroz, feijão, óleo, carne, cebola e alho, mas também com outros insumos e equipamentos, como energia elétrica, gás, água, manutenção fogão, batedeira e liquidificador.
Do mesmo modo, para saber quanto exatamente você gastou nesse almoço, teria que medir em gramas e ml o quanto foi gasto com cada ingrediente, além de considerar os demais gastos, correto?
Acertou! Qualquer atividade precisa ter seus custos controlados, pois ninguém gosta de perder o controle e ver o dinheiro saindo sem saber o porquê, não é mesmo?
Ao mesmo tempo, no mundo empresarial é necessário ter o máximo de precisão possível, considerando o quanto foi gasto com cada insumo e entendendo cada detalhe para conseguir reduzir os custos.
Bem como, em um dos grandes desafios das empresas é calcular o quanto é gasto em cada produto e ter uma visão mais detalhada de como está a lucratividade do seu negócio. Para isso, esse artigo abordará alguns passos essenciais de custeio, metodologia de aplicação e um passo a passo de como aplicar.
Quer saber melhor como diminuir seus gastos? Agende um diagnóstico gratuito!
Passos de um custeio: Despesas fixas x Despesas variáveis
Primeiramente, despesas são valores que não impactam diretamente no processo produtivo, logo, quanto menores suas despesas, maior será seu lucro.
Contudo, despesas não necessariamente estão atribuídas com desperdícios. Nesse sentido, por muitas vezes, despesas são necessárias para manter o bom funcionamento da empresa.
Sendo assim, despesas são aquelas que estarão presentes todo mês e que manterão a empresa funcionando de acordo com a necessidade. Já as despesas variáveis são aquelas que não necessariamente deveriam existir todo mês, ou seja, são valores que não irão se encontrar presentes no fechamento de contas mensal.
Em síntese, impostos, contas de energia e EPI’s são exemplos de despesas fixas. Confraternizações, serviços terceirizados e taxas são exemplos de despesas variáveis.
Passos de um custeio: Custos fixos x Custos variáveis
Primeiramente, os custos são as quantidades monetárias utilizadas para a produção de produtos/serviços. Sendo assim, tudo que é gasto para a produção diretamente de seu produto/serviço se encaixa nessa categoria.
Os custos podem ser classificados em fixos e variáveis:
Bem como, os custos fixos de uma empresa são aqueles que são menos suscetíveis a apresentar variações de acordo com o volume de produção ou de vendas. Portanto, os custos variáveis correspondem aos gastos que aumentam ou diminuem de forma proporcional ao nível e atividade.
Leia também sobre os 7 motivos para contratar uma empresa júnior
A matéria-prima é um exemplo de custo variável. Quanto mais produtos forem fabricados por uma indústria, maior será seu consumo de matéria-prima e, portanto, o gasto com ela. Da mesma forma, os salários dos funcionários ou depreciação de equipamentos são exemplos de custos fixos. Dessa forma, esses itens possuem valores que se mantêm estáveis todos os meses, independente do fato de a empresa produzir/vender mais ou menos.
Passos de um custeio: Custos Diretos x Custos Indiretos
A princípio, a sua empresa existem gastos que são fundamentais e que sem eles, não existiria o produto, que são os custos diretos. Entretanto, existem gastos que apenas ajudam na fabricação desse produto, sendo eles os custos indiretos.
Leia sobre o que é estruturação comercial e como ela pode te ajudar
Para uma pastelaria, por exemplo, o salário dos funcionários que trabalham na produção e a matéria prima para fazer os pastéis são exemplos de custos diretos. Já a depreciação das máquinas de produção da pastelaria, é um exemplo de custo indireto.
Passos de um custeio: Metodologia custo por absorção
Primeiramente, imagine que seu negócio ofereça dois produtos para seus clientes, o produto X e o produto Y, cada um com um preço diferente. Sendo assim, suponha também, que você pague R$2.500,00 de aluguel e precisa, de alguma forma, incluir esse valor no preço dos seus produtos, para conseguir pagar suas contas no fim do mês.
Então, agora eu te pergunto, dividir o valor do aluguel ao meio, para cada um dos dois produtos, seria o ideal?
A resposta é não! Um dos produtos é mais barato, e dividindo ao meio, você estaria forçando esse produto a ficar mais caro sem necessidade, pois a sua distribuição não está respeitando a proporção de contribuição dos produtos.
E é por isso que entenderemos sobre o custo de absorção, que é um método que considera todos os custos de produção (diretos, indiretos, fixos e/ou variáveis) e divide pela quantidade produzida. Dessa forma, permite estabelecer o custo unitário total dos produtos, sem a necessidade de separar os custos da empresa em categorias e, por isso, é o mais simples de ser implementado.
Além disso, adotar esse tipo de custeio é vantajoso, pois dentre os principais, é o único aceito pela legislação brasileira em termos contábeis, tanto para calcular impostos quanto para apresentar relatórios.
Enfim, feitas as necessárias considerações, agora vamos aos 5 passos para realizar o custeio de um produto.
1. Separe todos os gastos em custos e despesas
Para facilitar o entendimento, dos passos do custeio, vamos a um exemplo prático. Então primeiramente vamos considerar as seguintes informações:
Gastos da Fábrica | |
Matéria prima | R$40.000,00 |
Mão de obra direta | R$10.000,00 |
Gastos com venda | R$12.000,00 |
Setor administrativo | R$4.000,00 |
Transporte da produção | R$2.000,00 |
Enfim, considere também que o gestor usará como critério de rateio, para os custos indiretos, será o volume de produção.
Saiba como entender seu cliente e vender mais
Sendo assim, para fazer essa separação, existem duas perguntas direcionadoras que podem te ajudar:
- O que a empresa produz/faz?
- Esse gasto está relacionado a produção ou a manutenção da empresa?
Então, se a resposta for sim, será custo, se for não, será despesa.
Sendo assim, temos:
Gastos da Fábrica | |
Custos | Despesas |
Matéria-prima (R$40.000,00) | Setor de vendas (R$12.000,00) |
Mão de obra direta (R$10.000,00) | Setor administrativo (R$4.000,00) |
Transporte para produção (R$2.000,00) |
2. Separar os custos diretos e indiretos
Igualmente, para facilitar essa separação, existem duas perguntas que podem ajudar:
- Esse custo é para fazer/produzir?
- Esse custo ajuda a fazer/produzir?
Então, se o custo avaliado resultar uma resposta positiva para a primeira pergunta, ele é um custo direto. Bem como, se ele for uma resposta positiva a segunda pergunta, e tem seu papel como ajudar a fazer/produzir, significa que ele é um custo indireto.
Leia também sobre por que implementar fluxo de caixa em sua empresa
Considerando os custos e despesas da etapa anterior, temos:
Custos | |
Diretos | Indiretos |
Matéria prima (R$40.000,00) | Transporte para produção (R$2.000,00) |
Mão de obra direta (R$10.000) |
Após a separação dos custos, deve-se alocar (distribuir) os custos diretos em cada produto, enquanto no próximo passo, discutiremos como distribuir os custos indiretos.
Sendo assim, supondo que a empresa produza dois tipos diferentes de produtos, vamos adotar a seguinte distribuição para cada um:
Custos Diretos | ||
Produto X | Produto Y | |
Matéria-prima (R$40.000,00) | R$30.000,00 | R$10.000,00 |
Mão de obra (R$10.000,00) | R$6.000,00 | R$4.000,00 |
Custo direto total | R$ 36.000,00 | R$14.000,00 |
3. Alocar os custos indiretos em cada produto
Primeiramente, já no passos de um custeio eficiente, percebemos o grande desafio que as empresas enfrentam ao usar o critério de rateio para distribuir os custos indiretos em cada produto.
Então, retomando o primeiro passo, o critério de rateio considerado pelo gestor é o volume de produção. Então, consideraremos que a fábrica quer produzir 3.000 unidades do produto X e 2.000 unidades do produto Y, totalizando 5.000 unidades.
Assim, considerado as informações acima, para encontrarmos as proporções para cada produto, devemos dividir a quantidade de unidades de cada produto pela quantidade total de produtos.
Volume | Proporção (%) | |
3.000 unidades (produto X) | 60% | |
2.000 unidades (produto Y) | 40% | |
Total | 5.000 unidades | 100% |
Bem como, percebemos que o produto X representa 60% da distribuição e o produto Y representa 40%.
Leia também sobre como ser eficiente no seu planejamento financeiro
Então, distribuindo o custo indireto, transporte da produção (R$2.000,00), temos:
Custo indireto total | (%) | Valor |
R$2.000,00 | 60% | R$1.200,00 |
40% | R$800,00 |
Sendo assim, podemos dizer que, dos R$2.000,00 de custo indireto, R$1.200,00 são gastos com o produto X e R$800,00 são gastos com o produto Y.
3. Definir o custo total dos produtos
Então, agora que já temos todos os gastos calculados, conseguimos calcular o custo total dos produtos. Para isso, soma-se os custos diretos aos custos indiretos (CD+CI).
Sendo assim, temos:
Custo total do produto X: R$36.000,00+R$1.200,00= R$37.200,00.
Custo total do produto Y: R$14.000,00+R$800,00= R$14.800,00.
Então, podemos dizer que, para fabricar 3.000 unidades do produto X, são gastos R$37.200,00 e para fabricar 2.000 unidades do produto Y, são gastos R$14.800,00.
4. Cálculo do custo unitário
Primeiramente, para entender quanto custa cada um dos seus produtos, calculamos o custo unitário. Sendo assim, basta dividir o custo total pela quantidade de unidades.
Produto X: R$37.200,00/3.000unidades= R$12,40.
Produto Y: R$14.800,00/2.000unidades= R$7,40.
5. Cálculo do preço de venda
Por fim, como último passos do custeio, definiremos o preço de venda. Para isso, deve-se definir o preço de venda de um produto, antes, é necessário decidir o quanto de margem de contribuição você quer que ele tenha.
Então, vamos considerar que você queira uma margem de contribuição de 30% do produto X, então deve-se dividir o custo unitário (R$13,60) pela diferença entre 100% e a margem de contribuição, e depois multiplicar por 100.
[R$13,60/(100%-30%)] x100
[R$13,60/70%] x100
R$19,42.
Portanto, cada produto X deverá ser vendido por R$19,42.
Por fim, fique atento, pois nem sempre a margem que você quer é a margem que você deve praticar. Pesquise e estude se seu preço está adaptado a realidade do mercado.
Leia também sobre o método de precificação Marckup.
Então, se o seu preço está diferente dos preços dos concorrentes, reveja os seguintes pontos:
- Existe uma diferença muito grande dos valores pagos aos fornecedores entre você e seus concorrentes?
- A margem que você estabeleceu para o seu produto pode estar muito alta ou muito baixa;
- A qualidade do seu produto/serviço pode ser diferente da do seu concorrente;
- Reveja se seu concorrente está realizando vendas em grandes quantidades, pois isso pode gerar um impacto no preço que ele atribui aos produtos;
- Reveja e compare com seus concorrentes os valores das embalagens;
- Estude sua marca. Qual a percepção que o seu cliente tem em relação ao valor dos seus produtos e serviços?
Conclusão
Nesse artigo podemos perceber que controlar os gastos do seu estabelecimento e precificar corretamente os seus produtos é uma atividade muito complexa, principalmente se você tem uma ampla variedade de produtos, possui vários processos ou produz em grande escala.